Podemos provar que Deus existe por muitos argumentos. Há verdades da religião que não podemos provar pela razão; mas só as conhecemos porque nos foram reveladas. Os mistérios são dessas verdades. Mas a existência de Deus não é mistério e se prova por argumentos de razão. O concílio do vaticano definiu isso: “Se alguém disser que o Deus único e verdadeiro, nosso Criador e Senhor, não pode ser conhecido pela luz da razão através das coisas criadas, seja anátema”. Vejamos alguns argumentos.
1. Argumento da causa primeira
Todas as coisas que existem no mundo são produzidas por uma causa. Uma coisa que não existia não pode começar a existir por si mesma. É necessário que fosse produzida por um ser que já existisse. Partindo de mim, por exemplo: venho de meu pai, ele de meu avô, este de meu bisavô, e assim por diante, até chegarmos ao primeiro homem. E reconhecemos a necessidade de um ser quer foi a causa de todos os seres e não foi produzido por nenhum outro. É a causa primeira, a que chamamos Deus.
É mais fácil existir um relógio sem relojoeiro, uma estátua sem escultor, do que o mundo existir sem Deus que o criasse.
Olhando as coisas visíveis, sabemos que Deus existe. Lemos no livro de Jó: “Pergunta aos animais, e eles te ensinarão; e às aves do céu, e elas te indicarão. Fala com a terra, e ela te responderá, e os peixes do mar te instruirão. Quem ignora que o poder de Deus fez todas estas coisas?” (12. 7-9). E o salmista diz: “Os céus cantam a glória de Deus” (Sl 18,1).
2. Argumento dos seres contingentes
Vemos no mundo muitas coisas que existem agora, mas houve um tempo em que não existiam. Quando a terra estava em estado de combustão, não existiam plantas, nem animais, nem homens. Vemos também que os seres existentes podem deixar de existir. Esses seres se chamam contingentes. Ora, esses seres não podem existir por si mesmos, mas supõem um Ser que existiu sempre, e não pode deixar de existir, o qual possa produzir as coisas contingentes. Este Ser necessário e eterno é Deus. Portanto, sem a existência de Deus não se pode explicar a existência do mundo.
3. Argumento da ordem do mundo
Nota-se no mundo uma ordem admirável, em todas as coisas. Basta olhar o céu, onde milhares de astros correm numa velocidade espantosa, sem o menor acidente. Na terra, aparece uma insuperavel disposição dos meios para os fins. O dia e a noite, o sol e a chuva, os pequeninos insetos e os grandes animais, tudo vai realizando os fins da natureza. Esses seres não t~em inteligência, não sabem, portanto, traçar planos nem fixar fins. Se eles realizam de modo tão perfeito os seus fins é porque um espírito sumamente inteligente lhes traçou o seu fim e despôs os meios para alcançá0lo. Este Espírito é Deus.
4. Argumento da consciência
Quando fazemos o bem, a nossa consciência nos aprova; quando fazemos o mal, ela nos censura. Às vezes, nós queríamos ficar tranquilos, mas não podemos, porque a consciência não deixa. É uma voz que vem de fora e pode mais do que nós mesmos. Ela diz que obedecemos ou desrespeitamos a uma lei, que dirige os nossos atos. Esta lei só pode existir, se existir o Legislador. Este Legislador é Deus. A consciência é a voz de Deus em nós. Ela nos diz que há um Deus que nos recompensa, ou nos castiga.
5. Argumento da revelação
Muitas vezes e de diversas maneiras Deus falou aos homens. Falou com Adão no Paraíso terrestre. Com Noé, mandando fazer a Arca. A Abraão e a outros patriarcas. Apareceu a Moisés e disse: “Eu sou o Senhor vosso Deus”. É o próprio Deus que se dá a conhecer.
Não há para nós argumento mais claro da sua existência.
Pra viver a doutrina
Deus existe. A filosofia e a ciência confirmam este ensinamento da fé. Sem Deus, nada se explicaria. Com Deus tudo tem explicação na vida.
Deus é o Senhor de tudo. Tudo há de ser encaminhado para Ele. Não basta crer que ele existe, é preciso homenageá-Lo pela adoração. Ele é o Senhor; nós somos as criaturas.
Quero me acostumar a subir das coisas visíveis para a contemplação de Deus. Que tudo neste mundo sirva para me lembrar do Criador. Como são Francisco de Sales que, vendo uma flor, dizia: “É um sorriso do bom Deus!”
Em minha vida cristã, darei a máxima importância às orações da manhã e da noite, como reconhecimento da soberania de Deus, e principalmente à Santa Missa, que é a maior homenagem prestada à Divindade.
Renovarei sempre o meu ato de fé em Deus, rezando com frequência o Credo.
A Doutrina Viva – Catecismo do Pe Álvaro Negromonte, Editora Vozes, 1939.
Última atualização do artigo em 12 de março de 2025 por Arsenal Católico