A Redenção de Cristo

São de uma importância capital todos os ensinamentos da Santa Igreja sobre a paixão e morte de Jesus Cristo e não podemos, de uma só vez, avaliar tudo quanto eles significam para nossa vida.

Por isso convém recapitular algumas dessas verdades, já consideradas em outras lições, para maior proveito de nossa alma.

Pois a vida eterna consiste em conhecer e amar ao Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, para nos ensinar o caminho certo da salvação.

Salvar nossa alma é o negócio mais importante deste mundo. O resto é tudo passageiro e não tem valor eterno.

Se Cristo nos foi dado como Redentor, devemos conhecer e amar nosso divino Redentor, ficar com Ele na Igreja que Ele mesmo fundou, que é a Igreja Católica, Apostólica, Romana. Isto que é importante.

Pouco importa se o protestantismo ou o espiritismo me oferecem vantagens para passar para a seita ou a superstição. Não há vantagem neste mundo maior que a de conquistar a vida eterna.

Numa perseguição religiosa, na índia, foi apresentado ao juiz um moço de 17 anos. O juiz, querendo salvá-lo, disse: “Pisa a cruz com os pés e eu te darei esta barra de prata”. – “Isso é muito pouco para eu negar a fé”, disse o jovem católico. “Então, disse o juiz, dou-te uma barra de ouro”. – “Também isto não basta”, respondeu o jovem. O juiz, admirado, perguntou: “Então quanto queres de dinheiro?” E o valoroso jovem disse : “Se queres que eu pise na cruz, deves dar-me tanto dinheiro que eu possa comprar outra alma”. Este jovem, que foi martirizado, preferiu a morte com Cristo à vida humana sem Cristo e contra Cristo.

Esta deve ser a atitude de todo o católico. Porque o católico sabe apreciar o valor da paixão e morte de Jesus Cristo. Sabe que, com a culpa de Adão, o pecado impedia as almas de se salvarem, isto é, de chegarem ao céu depois da vida terrena. Cristo veio ao mundo para consertar estes estragos da nossa existência. O Pai queria que o seu Divino Filho nascesse como homem, e, depois de longos anos de vida oculta, ensinasse as verdades religiosas que a Igreja Católica conserva e ensina, que sofresse e morresse na cruz. A paixão e morte de Nosso Senhor era a vontade do Pai. Por isso Jesus rezou no Jardim das Oliveiras (Mt 26, 42): “Meu Pai, se não é possível que passe este cálice sem que eu o beba, faça-se a Tua vontade”.

Portanto, o ponto culminante da vida de Nosso Senhor foi a morte de cruz. São Paulo diz ( Filip. 2, 8) que Ele se humilhou a Si mesmo fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”.

Cristo era homem. Já vimos que nasceu de Maria Virgem, tinha um corpo humano em tudo semelhante ao nosso, menos no pecado. Como era homem, representava a humanidade. Seu sacrifício, a paixão e morte tinham alguma coisa da natureza humana em geral porque era homem, e como homem representava a humanidade, reparando os seus crimes. A sua paixão foram os sofrimentos do seu corpo e da sua alma para consertar os estragos do pecado, o mal que havia em nossas almas. Cristo como Deus, como segunda Pessoa da Santíssima Trindade, dá aos sofrimentos do seu corpo um valor infinito, capaz de agradar à Divindade e compensar desta forma os nossos erros. Pois como segunda pessoa Divina é Deus, e tudo o que faz é divino e tem valor divino, infinito, de acordo com a necessidade da reparação de que nós precisávamos.

O pecado de Adão no paraíso, pela desobediência a Deus, roubou-lhe a amizade de Deus, isto é, a vida sobrenatural da graça santificante. Como Adão seria o pai de toda a humanidade deveria legar a todos seus descendentes a herança dos bens e riquezas espirituais que recebera de Deus. Mas o pecado de Adão tirou-lhe tudo isto. Quando vieram os filhos não receberam dele a natureza humana enriquecida com os bens da graça, mas tão somente a natureza humana sem a graça santificante, e contaminada pelo pecado. O pecado de Adão impedia a humanidade de ir para o céu. Os sacramentos no Novo Testamento são, por disposição de Jesus Cristo, nosso Salvador, os meios providenciais para recuperarmos esta vida sobrenatural.

Se alguém, depois do pecado original, ou depois de livre dele pelo batismo, comete algum pecado mortal, agrava a sua situação. Atrai sobre si muitos males, principalmente de ordem moral. Quem morre em estado de pecado mortal perde a sua alma.

A humanidade em geral, e cada um em particular, em estado de pecado mortal nada pode fazer por si mesmo para sair desta situação. É como alguém que caiu num poço e não pode sair de lá sem ajuda de outra pessoa que lhe jogue uma corda ou uma escada. Ou é como um doente, que, para recuperar a saúde, precisa de algum alimento conveniente, capaz de restaurar as fôrças, ou de algum remédio que acabe com a doença.

Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, foi esta pessoa que veio de fora, para trazer à criatura humana a ajuda de que precisava, e não podia encontrar em si mesma. Veio dar esse remédio que nos livra dos males da alma. Com a redenção de Jesus a humanidade recebeu um auxílio acima das suas fôrças e possibilidades, o auxílio infinito de Jesus que é Deus e homem. Agora, depois da morte de Cristo, a vida sobrenatural da alma pode ser restabelecida, porque Nosso Senhor nos mereceu a libertação do pecado.

A paixão de Nosso Senhor nos ensina que precisamos de alguma coisa fora de nós, para salvar nossas almas. Precisamos da vida sobrenatural, que Cristo nos mereceu. A graça santificante é para nós uma vida: a vida sobrenatural. Sem a graça santificante, com o pecado mortal, a nossa alma é um cadáver. Um cadáver não sente, não vê, não se alimenta, não pode andar, por isto se decompõe e deve ser afastado do meio dos vivos. Quem morre em estado de pecado não pode aproveitar dos méritos de Nosso Senhor e deve ser afastado para o inferno, para longe dos que gozam a felicidade da vida eterna. Tenhamos muita gratidão a Jesus que nos ganhou todas as graças e abriu as portas do céu.

Por aqui vemos também como andam enganados os protestantes, os espíritas, os macumbeiros e os de outras religiões. Negócio de salvação da alma é assunto muito sério e somente Deus pode resolver.

Querer resolver o caso da salvação ou pretendendo chamar os espíritos nas sessões ou na macumba é quase a mesma coisa que pedir para o demônio salvar nossa alma. O diabo só quer a nossa perdição eterna.

E porque o demônio não nos pode e nem nos quer salvar, ele afasta da confissão e dos padres os frequentadores do espiritismo e da macumba. Às vezes, até, como diz o povo, vira a cabeça de muita gente.

Por isso essas pessoas vão procurar o macumbeiro ou o médium para fazer passes ou tirar feitiço ou então para que alguma pessoa se case ou se ajunte com eles. Salvação da alma é que não procuram geralmente nas sessões espíritas ou nos terreiros de macumba.

Os protestantes dizem que se preocupam com a salvação da alma. Dizem que Cristo é seu salvador, mas, por ignorância ou orgulho, não querem saber da Igreja que Jesus instituiu nem dos sacramentos deixados por Cristo.

Se os protestantes sinceros conhecessem a Igreja Católica como ela realmente é e não como eles pensam que ela é, eles se converteriam.

Rezemos sempre para que eles conheçam verdadeiramente a Jesus Cristo e a sua Igreja.

Exemplos: 1º Quando Dunam, tirano etíope, decretou violentas perseguições contra os católicos do país, prenderam no ano de 523 uma mãe com seu filhinho. O perseguidor mandou queimar a mulher na frente do pequeno, que gritava chamando pela mãe e pedindo também para ser martirizado.

O príncipe perguntou ao menino: “Mas você sabe o que é ser martirizado?” Ao que o pequenino respondeu: “Sim, eu sei, ser martirizado é morrer por Cristo e imediatamente depois voltar a viver”.

Saibamos, também, nós, durante toda a nossa vida terrestre, viver e morrer por Cristo para conquistarmos a vida eterna.

2º Dom José de Camargo Barros, bispo de São Paulo, morreu heroicamente no naufrágio do navio Syrius, quando regressava da Europa. Quando o navio estava para afundar, Dom José de Camargo Barros viu uma senhora desesperada que não tinha salva-vidas e ia morrer certamente. Com um ato heróico, D. José deu seu salva-vidas àquela senhora, certo, como de fato aconteceu, que assim morreria no naufrágio.

Este foi um ato heróico de caridade para com o próximo que aquele virtuoso bispo brasileiro praticou.

Oração.Eterno Deus e Senhor, nós, humildes criaturas, contaminadas pelo pecado, do abismo da nossa miséria, levantamos confiantes as nossas preces para o trono da vossa misericórdia. E vos pedimos pelos méritos infinitos da Redenção que vos compadeçais de nós. Fazei com que em nossas vidas frutifiquem os merecimentos que vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, nos conquistou com a sua Paixão e Morte, para nossa salvação. Amen.

Recitemos, com piedade e amor, o “Creio em Deus Pai . . . “

Resolução: Rezarei e me sacrificarei pela conversão dos que estão fora da Igreja de Cristo.

Leituras de Doutrina Cristã, Parte I – Dogma, Padres Jesuítas de Três Poços, Pinheiral, Estado do Rio, 1958

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