Nono Domingo depois de Pentecostes (Luc. 19, 41-47)
- Naquele tempo, tendo Jesus chegado perto da cidade, chorou sobre ela, dizendo:
- Se ao menos este dia, que te é dado, tu reconhecesses ainda o que te pode trazer a paz! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos.
- porque virão para ti os dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados.
- E derribarão por terra a ti e aos teus filhos, que estão dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra: porque não conheceste o tempo da tua visita.
- E tendo entrado no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam nele, dizendo-lhes:
- Está escrito: A minha casa é casa de oração: e vós fizestes dela um covil de ladrões.
- E todos os dias ensinava no templo.
AS PROFECIAS
O Evangelho nos mostra uma das numerosas profecias do Salvador.
A realização das profecias contém um duplo argumento para provar a divindade de Jesus Cristo.
Por um lado, os profetas do antigo Testamento fizeram muitas profecias a respeito do Messias. Todas se realizaram ao pé da letra. Ele é, pois Deus.
Por outro lado, o próprio Jesus Cristo profetizou, e a realização destas profecias é outra prova da sua divindade.
Vejamos hoje:
- O que Jesus PROFETIZOU.
- O que SIGNIFICA a profecia.
I. O QUE JESUS PROFETIZOU
Entre as profecias, há umas que não se cumpriram ainda, mas hão de cumprir-se, por exemplo, as que dizem respeito ao fim do mundo.
Outras já se realizaram, e outras estão se realizando.
Tais profecias dividem-se em quatro grupos:
De sua própria pessoa;
De sua própria pessoa;
Dos seus discípulos;
Dos judeus;
Da Igreja;
De sua própria pessoa, Ele predisse a sua paixão e morte sobre a cruz, a sua ressurreição e ascensão.
Dos seus discípulos, Jesus predisse a traição de Judas, a negação de Pedro, a pregação do Evangelho pelos Apóstolos, em todas as nações; as perseguições.
Dos judeus, Ele predisse a ruína de Jerusalém, depois de um cerco horrível, a ruína definitiva do templo, a dispersão dos judeus, e a sua substituição pelos povos pagãos, convertidos ao cristianismo.
Enfim, a respeito da Igreja, Jesus predisse a pregação do Evangelho no mundo inteiro, o reino de Cristo pela cruz, os milagres que operará pelos santos, o ódio com que o mundo perseguirá os seus discípulos, e, apesar deste ódio, a Igreja sempre perseguida e nunca vencida, ficando invencível sobre o rochedo de São Pedro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
II. O QUE SIGNIFICA A PROFECIA
O cumprimento das profecias, tanto as dos antigos profetas como as de Jesus Cristo, provam clara e insofismavelmente a divindade deste último.
Só Deus conhece o futuro. Só Ele pode, em um único olhar, abranger, não somente o que já foi, o que é e o que será um dia, mas ainda o que teria podido haver, porque para Deus o passado e o futuro não existem; Ele é um eterno presente.
Este conhecimento do futuro é a exclusiva prerrogativa de Deus, porém, Ele pode comunica-lo aos homens, e o comunicou bastantes vezes, tanto no Novo, como no Antigo Testamento.
Mas Deus nada faz sem ter em vista uma mira. Quando Ele nos desvenda o futuro, é em vista de um grande desígnio.
Somos como que instintivamente inclinados a considerar com respeito, escutar com confiança o profeta que, nestas manifestações do porvir, tem sido o eleito de Deus, para servir de intermediário entre Ele e nós.
A ciência profética de Jesus é, pois, um carimbo divino, impresso por Deus, sobre a missão do Salvador. É um verdadeiro “Escutai-o”, pronunciado pelos lábios divinos, como os pronunciou o Pai eterno, no dia do batismo de Jesus, no Jordão. É uma incitação a escutar os ensinos de Jesus e a aceita-los: e, tendo Jesus afirmado a sua divindade, é uma nova prova que Jesus é verdadeiramente Deus.
III. CONCLUSÃO
Profecia e milagres constituem o duplo critério positivo da verdade e o duplo carimbo de Deus nas coisas humanas.
Desde que uma religião produz profetas e taumaturgos, a dúvida é impossível: tal religião é divina.
Ora, só na Igreja Católica, e só aí, encontramos estes dois fenômenos sobrenaturais.
Só na Igreja houve e sempre haverá homens de extraordinária virtude, que predizem fatos futuros, necessariamente escondidos ao olhar humano; e homens que fazem milagres, realizando atos absolutamente acima do poder humano.
Logo, só a Igreja Católica, Apostólica, Romana, é divina, e todas as seitas religiosas não passam de obras humanas.
Poderão os protestantes, espíritas ou maometanos, apresentar-nos, no decorrer dos séculos, um único homem que tenha profetizado, ou tenha feito uma cura milagrosa?
Nenhum… absolutamente nenhum.
A Igreja Católica, ao contrário, pode apresentar centenas de nomes de santos e de santas, para quem o futuro era tal qual um livro aberto, que não guardava segredos para eles… como pode apresentar-lhes milhares e milagres de santos que fizeram e de outros que estão ainda fazendo os milagres mais assombrosos.
Amor e dedicação, pois, à Igreja de Deus, que é a Igreja Católica.
Repilamos as seitas fundadas por homens libertinos, e amemos a Igreja de Jesus Cristo, tão claramente indicada por Deus.
Comentário Dogmático, Padre Júlio Maria, S.D.N., 1958.
Última atualização do artigo em 17 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico