O Liberalismo é Pecado – 09. Outra distinção importante, isto é, do Liberalismo prático e do Liberalismo especulativo ou doutrinal

LIBERALISMO É PECADO

D. Félix Sardà y Salvany

09.  OUTRA DISTINÇÃO IMPORTANTE, ISTO É, DO LIBERALISMO PRÁTICO E DO LIBERALISMO ESPECULATIVO OU DOUTRINAL

Ensina-se em Filosofia e em Teologia que há duas espécies de ateísmo: um doutrinal e especulativo, outro prático. Consiste o primeiro em negar franca e redondamente a existência de Deus, pretendendo anular ou desconhecer as provas irrefragáveis em que se fundamenta. Consiste o segundo em viver e obrar, sem negar a existência de Deus, porém como se Deus realmente não existira. Os primeiros chama-se ateus teóricos ou doutrinais, os segundos ateus práticos, e são os que mais abundam.

O mesmo acontece com o Liberalismo e com os liberais. Há liberais teóricos e liberais práticos. Os primeiros são os dogmatizadores da seita: – Filósofos, catedráticos, deputados e jornalistas, que ensinam o Liberalismo em seus livros, discursos ou artigos; que defendem tal doutrina com argumentos e autoridade, e com afinco a um critério racionalista, em oposição dissimulada ou manifesta com o critério da divina e sobrenatural revelação de Jesus Cristo.

Os liberais práticos são a grande maioria do grupo; os simplórios, que crêem a pé quedo o que dizem os mestres, ou que sem crença alguma seguem dóceis a quem os leva, e sempre ligados ao seu compasso. Não sabem nada de princípios nem de sistemas, e quiçá até os detestariam se lhes conheceram a deformidade. Não obstante, são as mãos que obram, como os teóricos as cabeças que dirigem. Sem eles não saíra o Liberalismo do recinto das academias; são os que lhe dão vida e movimento exterior. Pagam o periódico liberal; votam no candidato liberal; apoiam as situações liberais, e vitoriam seus personagens, celebrando suas festas e aniversários. São a matéria-prima do Liberalismo, disposta a receber qualquer forma e a servir sempre para qualquer tropelia.

Muitos deles iam à Missa, e mataram os frades; mais tarde assistiam às novenas e davam carreira eclesiástica a seus filhos, e compravam propriedades de desamortização; hoje rezam talvez o Breviário, e votam no deputado livre-cultista. Formularam para si uma como certa lei de viver com o século, e crêem, (ou querem crer) que andam bem assim.

Mas exime-os isto de responsabilidade e culpa diante de Deus?

– Não, por certo, como veremos depois.

Liberais práticos são também os que retraindo-se de explanar a teoria liberal, que sabem estar já desacreditada para certos entendimentos, procuram todavia sustentá-la com o procedimento prático de todos os dias, escrevendo e perorando à liberal; propondo e elegendo candidatos liberais; elogiando e recomendando seus livros e pessoa; julgando sempre dos acontecimentos, segundo o critério liberal; e manifestando sempre ódio a tudo que tenda desacreditar ou menosprezar o seu querido Liberalismo.

Tal é a conduta de muitos jornalistas prudentes, a quem dificilmente se encontrará no delito de formular proposições concretamente liberais, porém que, não obstante, em tudo o que dizem ou calam não deixam de fazer a maldita propaganda sectária. É este o mais venenoso de todos os répteis liberais.

O Liberalismo é Pecado – Pe. Félix Sardá y Salvany, 1949.

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