Santa Juliana Falconieri

FLORENÇA é a cidade natal de Santa Juliana Falconieri. Os pais de Juliana pertenciam à nobre família dos Falconieris. Casados, havia muitos anos, Deus não lhes concederá filhos, o que muito os entristeceu. Foi ouvida sua oração e em 1270 nasceu Juliana. Não foram poupados esforços da parte dos pais para dar a menina uma ótima educação. Muito piedosos e tementes a Deus, implantaram no coração de sua filhinha as virtudes mais belas e encaminharam-na para uma vida de perfeição evangélica. A menina tanto correspondeu aos desejos de seus pais que Aleixo, primo de Juliana e sacerdote da Ordem dos Servitas, afirmou a mãe que ela tinha dado a vida não a uma menina, mas a um anjo. Com efeito, Juliana era tão recolhida e tão concentrada que parecia ser antes anjo do que criatura humana. Ninguém jamais vira que Juliana tivesse olhado para uma pessoa do outro sexo, muito menos que tivesse fixado seu olhar num homem dum modo menos recatado ou prudente.

Tal horror tinha do pecado que só ao ouvir um nome de ofensa a Deus, começava a tremer, e só a referência de um crime a fazia perder os sentidos. Ainda não tinha quinze anos quando, desprezando os bens deste mundo, depositou nas mãos de S. Philippe os votos de castidade e, como primeira, entrou na Ordem das Servitas. Seu exemplo achou a imitação de muitas donzelas das famílias mais distintas. As religiosas que se associaram à Juliana dedicavam-se ao serviço dos doentes nos hospitais e a outras obras de misericórdia. Juliana elaborou um regulamento para sua comunidade, obra que revela grande sabedoria, circunspecção a santidade.

Sua fundação tem o nome de “Congregação das Servas de Maria”.

Entre as virtudes que adornavam seu coração, está em primeiro lugar a humildade. Com a maior prontidão auxiliava os serviços mais humildes da casa. Sua santidade revelava-se também numa dedicação extraordinária a oração. O tempo não ocupado pelo trabalho e pela oração, dava-o aos pobres doentes ou empregava-o na conversão dos pecadores.

A caridade fora do comum que fazia ao próximo, respondia um excessivo rigor contra si mesma. O chão era seu leito e eram reduzidas ao mínimo as horas que dedicava ao sono. O uso do cilício era ininterrupto e o sábado era dia de jejum a pão e água. Duas vezes por semana recebia a sagrada Comunhão e nestes dias a abstinência era completa.
Estas práticas de penitencia – que se recomendam a admiração, não, porém, a imitação – tiveram por consequência que Juliana viesse a contrair uma fraqueza do estômago que lhe causou os maiores tormentos.

Pelo fim de sua vida, quando contava; o anos, a doença chegou a tal ponto que os vômitos eram contínuos e alimento algum o estômago retinha. Para Juliana era isto um martírio, porque se via privada da Santa Comunhão. Com todo o ardor de sua alma pedia a Deus que não a deixasse morrer sem o consolo do viático. Como se tivesse tido uma comunicação direta de Deus de ter sido ouvida, pediu ao sacerdote que lhe trouxesse a Santa Comunhão ou pelo menos lhe mostrasse a Santa Hóstia. O sacerdote atendeu a este humilde pedido e, quando chegou com as sagradas espécies, pondo-as perto da enferma, desapareceram de suas mãos, sem saber como tal se desse. Da alegria e íntima satisfação que se estamparam no rosto de Juliana concluíram os assistentes que Deus lhe concedera uma grande graça. Enquanto o sacerdote estava preocupadíssimo com o desaparecimento da sagrada Hóstia, Juliana entregou seu espírito sem o menor sinal de agonia. Quando prepararam o corpo para a sepultura, descobriram no lado esquerdo do peito o sinal duma hóstia, nitidamente impresso na carne. Na hóstia via-se perfeitamente a imagem do Crucificado. Por este fenômeno conheceu-se que Deus tinha se servido dum meio extraordinário para proporcionar a sua serva a graça do santo Viático. A este milagre seguiram-se muitos outros, que fizeram com que Juliana gozasse de grande veneração entre o povo católico.

O corpo de Santa Juliana achou seu último repouso naquela belíssima igreja, que seu pai tinha erigido em honra da Santíssima Virgem. Quatrocentos anos depois do seu trânsito foi Juliana canonizada pelo Papa Clemente XII.

REFLEXÕES

A educação que o homem recebe na sua infância, é de suma importância para toda a sua vida. Na sua formação moral e intelectual tudo depende das primeiras impressões que a criança recebe. Partindo deste são princípio os pais de Juliana deram à sua filha uma educação primorosa, não descurando as menores circunstâncias: justiça, caridade, paciência, amor a pobreza, modéstia, humildade e piedade, são virtudes todas elas que a criança deve aprender desde a mais tenra infância. Oxalá todos os pais se lembrassem desta verdade e não só afastassem de seus filhinhos todos os maus exemplos e perniciosas influências, como também lhes ensinassem a praticar a virtude todas as vezes que para isso ocasião lhes oferecesse.

Uma educação sólida, baseada nos princípios da religião, é a maior fortuna, a herança mais abençoada que os pais podem deixar para seus filhos. Uma educação falha, porém, projeta seus maus efeitos sobre toda a vida, e torna-se difícil, para não dizer-se impossí­vel, corrigir lhe as faltas ou lacunas que deixa.

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume I, 1928.

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